Mania de Entender

sábado, 15 de janeiro de 2011

Os bastidores do voluntariado


No Brasil e no mundo, milhares de pessoas acompanham apreensivamente cada notícia sobre aquele que tem sido chamado "o maior desastre ambiental da história Brasileiral".
Grandes necessidades geram grandes mobilizações e, certamente, a Cruz Vermelha é uma das entidades mais respeitadas no auxílio às vítimas em ocasiões como esta.
O fato é que, tanto ontem como hoje, eu tive o privilégio de ser voluntário nesta entidade e auxiliar no processo de envio de donativos que, por todo o tempo, não cessavam de chegar (Glórias a Deus por isso). Com toda a certeza eu poderia aqui destacar o heroísmo, a perseverança incansável e a alegria com que muitas pessoas tem se lançado a esta nobre tarefa. No entanto, por ser esta uma realidade já bem conhecida, decidi citar aqui apenas algumas situações (cômicas ou não) que me chamaram a atenção.
Percebi, por exemplo, que existem patricinhas e mauricinhos que nada tem haver com este tipo de trabalho, mas que insistem em estar lá (talvez pra botar as fotinhas no orkut). Vi, por exemplo, moças que colavam o adesivo na roupa e ficavam milimetricamente ajustando o ângulo para que a "cruz" ficasse a exatos 90 graus pois, afinal, uma cruz torta não pega bem em lugares como estes. Mas os homens não ficam muito atrás. Alguns caras vão a estes lugares e não querem pegar no pesado - agora vê se pode. Vi dois marmanjos colando adesivos nas garrafinhas d'água, enquanto ao lado deles duas moças (muito "raçudas" por sinal) erguiam um a um, cem engradados de água para serem carregados no caminhão.
Haviam também os resmungões. Aqueles que diziam "este tá pesado" ou "porque esta caixa não está lá". Estas pessoas tinham soluções para tudo, menos para os suas constantes reclamações por verem "tudo errado" (haja paciência).
Agora, o record pra mim, foram as atitudes surpreendentes dos mais, pra ser politicamente correto, "prejudicados mentalmente". Não vou me ater neste ponto para que o artigo não fique gigantesco, mas só pra você ter uma idéia, uma mulher estava na fila indiana que passava as sacolas, bolsas e malas de roupas de mão em mão até chegar a caçamba dos caminhões. Daí, num lapso de sanidade, ela pega a própria mala e passa pra pessoa ao lado. Resultado: alguns habitantes de Teresópolis ficarão tremendamente felizes em receber coisas que normalmente jamais seriam doadas. O interessante é que meia hora depois, a doadora involuntária notou o que havia feito e correu desesperada pedindo para descarregarem todos os donativos do caminhão a fim de encontrar seus pertences. Não preciso nem citar o que aconteceu, mas posso apostar que muito em breve teremos um filme chamado: "Em busca da mala perdida".
E finalizando minha observações, quero registrar que, apesar de tudo e de todos, a operação foi um sucesso. Até o momento em que precisei me retirar, muitos caminhões já haviam partido para as regiões atingidas lotados de solidariedade e de carinho. Creio que o balanço deste dia foi muito positivo, mas não posso deixar de ressaltar que alguns voluntários ajudariam muito se não fossem a estes lugares.

Um grande abraço a todos!!!