Mania de Entender

sábado, 29 de junho de 2013

Conheça mais sobre o que é e para que serve o dízimo!


Algumas discussões do mundo moderno são pré-históricas. O tempo passa, o tempo voa (como dizia a antiga propaganda de um banco) e o repetitivo assunto persiste no dia a dia dos inconformados e muitas vezes mal informados. Uma destas discussões sazonais que encontro é aquela que diz respeito aos dízimos entregues pelos fiéis em suas igrejas.
O assunto, que é recorrente no meio social mediante à multiplicação do povo evangélico em nosso país, é tratado de forma crítica, pejorativa e por vezes jocosa por parte daqueles que dele não fazem parte. E foi pensando sobre isso que resolvi trazer alguma luz ao assunto tendo em vista que muitos tem dificuldades em entendê-lo.

Primeiramente preciso dizer que nenhum pastor, padre ou líder criou a prática da contribuição através do dízimo e que ela não foi originalmente restrita ao papel-moeda. Na verdade ela precede a existência do dinheiro, da moeda e até das igrejas institucionalizadas como nós conhecemos. A Bíblia possui textos bem claros que ressaltam a origem deste ato através de ordens divinas ao seu povo (ressalto: ao seu povo). Tanto o Antigo Testamento quanto o Novo Testamento falam a respeito do dízimo. Sim, estou falando em Deus, estou falando em Bíblia e estou falando em Povo de Deus. O que isso significa? Significa que é um ato ligado à fé. É questão de foro íntimo. É questão voluntária. Portanto, se você não tem fé ou não pertence ao Cristianismo, você precisará ao menos de uma dose de tolerância e respeito para entender que aqueles que crêem o fazem com voluntariedade e sinceridade de coração.

Ainda falando sobre a origem da prática, cabe ressaltar que é algo de cunho santo no sentido hebraico da palavra: separado. É algo que se faz diferentemente se uma simples doação. Você pode doar uma grande soma de dinheiro em uma igreja e não estar dizimando. Dízimo é um ato de gratidão, reconhecimento e obediência ao Deus que nos dá saúde, força, vigor e vida para trabalhar e ter o sustento. Os meus talentos e contatos, a minha formação e o mercado de trabalho podem me dar oportunidades, mas nada disso pode me dar mais um dia de vida. Nenhuma destas coisas pode garantir que ao sair de casa para trabalhar de manhã cedo eu voltarei são e salvo a noite para a minha casa para o meu descanso. A vida é dada por Deus. Na bíblia, Deus poderia como dono da vida me exigir 100% do seu investimento na minha existência diária, mas ele nos propõe o dízimo como uma oportunidade de demonstrar que eu o reconheço e que sou grato por isso. Quero reforçar aqui que é questão de fé. Certa vez Jesus criticou o dízimo que é dado por alguém que contribui, mas que não possui atos que demonstre o amor de Deus ao próximo. Isso foi uma demonstração clara de que o que vale não é apenas uma contribuição, mas um ato que é parte de um todo.

Outro aspecto que desejo enfatizar é a voluntariedade do ato. O fiel entrega seu dízimo com uma prática que faz parte de sua fé. Ele não é forçado, ninguém põe uma arma em sua cabeça ou seqüestra alguém de sua família para isso. É claro que eu questiono à luz da Bíblia algumas práticas hodiernas tão comuns de se encontrar, mas eu quero me ater aqui àquilo que é feito dentro de uma serenidade e honestidade típica daqueles que conduzem com humildade o rebanho de Deus. Sim, dízimo é bíblico, é um ato de fé e é voluntário. Assim sendo eu fico impressionado com a indignação de muitos. É comum a ridicularização do fiel dizendo que ele entrega dinheiro pra igreja e muitos vão além dizendo que ele dá dinheiro para o pastor que o rouba, etc. Ora, o que me deixa curioso é que eu não vejo a mesma indignação voltada para aqueles que dão muito mais do que o percentual de um dízimo à indústria do cigarro, da pornografia, do entretenimento, da jogatina ou mesmo das drogas. Eu não vejo a mesma jocosidade para aqueles que mensalmente, semanalmente ou até diariamente entregam seu “dízimo” a indústria da bebida, ingerindo algo que sabem ser prejudicial ao seu próprio organismo. Assim, nos tempos em que preconceito, intolerância e fobia são termos tão utilizados, percebo os tolerantes fazendo uso dos comportamentos que condenam ao se referirem aos dizimistas e suas igrejas.

Por último quero destacar a utilização do dízimo. É muito claro que Deus não precisa de dinheiro. Seu intuito ao estabelecer o dízimo está em perceber a voluntariedade da gratidão humana mediante a doação de algo ao qual ela é tão apegada e que a faz, em muitos casos, destruir a vida em prol da lucratividade e da riqueza. Mas uma vez entregue, o dízimo é algo de valor que não deve ser desperdiçado por aqueles que o administram. Assim, quero começar este último tópico colocando o “dedo na ferida”: o salário do pastor. O Pastor é alguém que dedica sua vida na condução do rebanho de Deus. Ele estuda, ou pelo menos deveria estudar, para expor o texto bíblico. Pra quem não sabe é grande o número de pastores com mestrados, doutorados, phds e formação não só em teologia mas também em outras graduações. Olhando pelo aspecto da formação, é algo dispendioso e cansativo que todo estudante graduado conhece bem. E embora o pastor possa exercer uma profissão, o intuito maior dos seus estudos é auxiliar as pessoas em sua caminhada. Pastor é aquele que se empenha para expor o sentido do texto bíblico sem “achismos” (uma pregação séria não sacraliza a opinião do pregador, ela expõe o ensino contido no texto). O pastor garimpa o ensinamento de Deus e o traduz para uma linguagem acessível aos ouvintes. Ele pesquisa Grego, Hebraico, ele se reporta a arqueologia bíblica, antropologia, sociologia, etc para entender o contexto em que tudo foi escrito. Ele se aperfeiçoa para aprender a comunicar com eficiência - e você que já tentou falar em público sabe que isso não é algo fácil. Deixe só eu abrir um parêntese aqui: Os cristãos que estão lendo devem estar se perguntando sobre a oração, sobre a atuação do Espírito Santo, sobre  a laicidade do chamado, enfim; isso tudo é real e essencial. Mas entenda o prisma que eu estou focando, ok? (fecha parênteses). E como se não bastasse todo o preparo do pastor, isso é apenas uma pequena fatia do que ele faz. O Pastor aconselha pessoas que buscam ajuda, ele visita enfermos em hospitais e em seus lares, realiza casamentos, enterros, batismos, ajudam na recuperação de casamentos, na condução de pessoas à tratamentos para se libertarem de destrutivos vícios e quando muitos estão em casa dormindo, ele está muitas vezes ao telefone ajudando pessoas em situações de crise. Veja bem, meu objetivo aqui não é exaltar o labor pastoral, pois é Deus quem o faz, estou falando um pouquinho para aqueles que muitas vezes não tem noção do que realmente é. O Pastor é aquele que gasta a sua vida para que as pessoas recebam vida de Deus. E nesta empreitada, esse homem precisa de um sustento, de recursos, pois ele tem família, ele deve ter salário. Eu sou pastor e digo a você: Na denominação ao qual faço parte, por exemplo, o salário do pastor é fixo, é determinado e votado pelos membros da igreja. O valor consta em planilhas orçamentária, em relatórios e em registros contábeis acessíveis a todo o membro que deseje informações a respeito. Não importa o volume de dízimo da igreja, o salário do pastor é o que foi determinado pela membresia.
            Mas nem só de salário pastoral vive o dízimo. Ele tem muitas funções. Como você acha que é paga a luz utilizada na igreja? E a limpeza da mesma? E a água utilizada? E o conserto de coisas que naturalmente perecem ou precisam de reformas? E a melhoria do ambiente em que as pessoas freqüentam?  Com certeza não é com um “Deus lhe pague”, é com a contribuição que é entregue. Mas também não é só isso, como pastor, já vi o dízimo auxiliar famílias assoladas pelo desemprego terem o que comer ou terem o aluguel pago naquele fatídico mês para não serem despejadas. Já vi pessoas desesperadas conseguirem comprar o tão necessário remédio que o governo não deu. Já vi tratamentos psicológicos pagos para pessoas que precisavam com urgência, já vi inúmeras vezes as doações se transformarem em itens emergenciais a serem enviados para casos de calamidades públicas, para orfanatos, para casas de recuperação, para o envio de missionários que representam suas igrejas na dignificação do ser humano em países de condições sub-humanas. Já vi o dízimo virar projetos: Escolas, hospitais, creches, aulas de reforço-escolar, espaços esportivos para pessoas carentes, cursos de culinária e artesanato para gerar fontes de renda. Já vi o dízimo virar poço no Nordeste e filtros para dar água potável a povos na China. Já vi dízimo virar vacina em comunidades ribeirinhas e livros para alfabetização de crianças e adultos. Enfim, já vi o dízimo ser instrumento de bênção para muito mais casos do que eu aqui poderia escrever.

Diante de tudo isso, encerro aqui a minha fala, mas nem de longe a gama de atividades em que os dízimos são aplicados. Ressalto que não vim defender o dízimo, ele não precisa de defesa. É ensino de Deus para o seu povo.  Vim aqui apenas dizer que aquele que dizima deve ser respeitado em sua fé como qualquer outra pessoa.

Um grande abraço e que Deus te abençoe!

Rodrigo Gonçalves, pr.




quarta-feira, 26 de junho de 2013

A MAIOR MANIFESTAÇÃO DA HISTÓRIA

Em meio a tantos protestos pacíficos e violentos, a memória do povo brasileiro traz a tona manifestações sobre os movimentos das Diretas Já, da Anistia e do Empeachment do Collor. E já que as lembranças estão aflorando, quero trazer a nossa memória uma manifestação por muitos esquecida.

O pano de fundo desta manifestação também foi os desmandos de um governo injusto. Não o governo múltiplo dos partidos ou grupos parlamentares, mas o governo mais tirano de todos. O governo do pecado sobre a vida humana. Sim, um governo enraizado em cada pessoa que, ao longo de sua vida, o nega com veemência em nome do hedonismo individual e coletivo; e de uma irracional rejeição a auto-negação sobre o pretexto da auto-suficiência. Mas a despeito disso tudo, veio às ruas de nossa História o maior dos manifestantes. O próprio Deus que deixando a sua glória fez-se um de nós em Jesus Cristo e andou entre nós mostrando com a sua própria vida o contraste da nossa carnalidade com o ideal para que fomos criados. Sim, hoje criticamos a truculência governamental e a baderna dos violentos, mas naquele ato, o governo e o povo estavam unidos em um único propósito. Extirpar das ruas aquele que tanto nos incomoda com um chamado a uma vida de transformação pessoal na luta contra o nosso egoísmo, nosso orgulho, nossa ambição, nosso materialismo, nossa indiferença e todos os outros nomes os quais resumimos sob o termo pecado. Assim, o nazareno foi levado à pena de morte, mas, em nenhum momento negou sua missão pois ela se concretizava na entrega de sua própria vida como expiação de todos aqueles que o rejeitara. Curiosamente a aparente derrota deste divino movimento foi a sua grande vitória, pois o ex-condenado ressurgiu para nos convocar a uma revolução histórica, onde nem a violência, nem a injustiça, nem os desmandos do poder, nem sequer a morte pode calar os efeitos daqueles que receberam dele o poder para serem feitos filhos de Deus, perdoados, justificados e santificados para anunciar ao mundo que a maior mudança de todas é aquela que só Deus pode fazer: a transformação integral do homem em retorno à sua imagem e semelhança.
 
Um grande abraço!