Mania de Entender

segunda-feira, 8 de julho de 2013

No meio do caminho tinha uma Copa

No último mês algo de inesperado aconteceu no Brasil. Repentinamente um povo apático politicamente, que se acostumou a assistir aos desmandos governamentais e aos constantes atos de corrupção como se fossem partes de uma novela; resolveu “acordar”, resolveu ir às ruas para anunciar sua indignação acumulada contra a ineficiência da atuação política brasileira e fazer uso do tão ainda desconhecido direito de manifestar-se em prol de mudanças sociais. E tudo começou por um simples aumento de tarifa dos transportes públicos. Algo tão comum ao longo das décadas, mas que representou a gota d’água que levou um pequeno grupo às ruas, a princípio, mas que pouco a pouco se tornou um movimento que tomou proporções inesperadas em todo o território nacional. Gradativamente, milhares de pessoas se uniram a causa sem a liderança de um único grupo ou partido político. Simplesmente a indignação de cada um e a informação gerada pelas redes sociais se tornaram a liga que aglutinara os brasileiros sob as múltiplas causas contidas na bandeira única do descontentamento.

Outro aspecto marcante destas manifestações foi o fato de que em seu caminho havia não uma pedra, como diria Drummond, mas uma copa: A Copa das Confederações. Curiosamente, neste momento histórico, este evento esportivo poderia ser ilustrado como a “cereja do bolo” uma vez que se tornou o anúncio global de uma empreitada cujos gastos foram superiores aos das últimas três Copas acontecidas anteriormente.  Assim, o evento que mostraria ao mundo o êxito da capacidade de desenvolvimento do governo brasileiro, se tornou o grande escudo que defendeu os manifestantes dos mais hediondos e repressores atos de combate a manifestantes já conhecidos e praticados mundo a fora. Creio que o maior símbolo desta copa não seria o Fuleco ou a Cafuza (a bola da competição), mas a bola de Cristal que ela mesma se tornou ao revelar com holofotes a todo o mundo, um povo que anseia pelo grito de gol celebrando a dignidade do sofrido povo brasileiro.


E diante dos fatos mencionados, a História continua sua jornada. Com ares de pressa, segue lentamente aguardando os desdobramentos políticos daqueles que foram obrigados a ouvir que as ruas deste país são as maiores arquibancadas onde o povo prefere estar quando seus governantes de fato não os representam. Se de fato em time que está ganhando não se mexe, em governo que está perdendo os milhões de técnicos brasileiros levantam suas placas exigindo muitas substituições.

Vamos seguir atentos, aguardando os desdobramentos do campeonato!