Mania de Entender

terça-feira, 4 de setembro de 2007

O problema do Homem é cultural

Não é incomum ouvirmos esta frase quando abordamos temas como corrupção e problemas sociais. Tenho minhas dúvidas, ou melhor, certezas quanto a esta abordagem. Entendo que a cultura não existe como ente em si, mas que é elaborada, ou formulada, por pessoas que verdadeiramente compõem este "tecido" social. Se a cultura induz a corrupção, é porque as pessoas estão corrompidas. E é importante, diga-se de passagem, sabermos que corrupção não está limitada a levar vantagens mediante órgãos públicos ou mesmo privados, mas até mesmo pensamentos que, mesmo não levados em prática, militam as mentes dos que criticam os que assumem sua postura corrompida. O fato é que a questão é muito mais profunda do que se costuma debater. Trata-se de algo pertinente a essência de uma humanidade degradada que avança em tecnologia, mas que aprofunda-se em promiscuidade e falta de amor. E se essa essência é universal, mesmo em um mundo que cultua diferenças, não há de se espantar que também haja uma solução universal que se resume na transformação da essência humana. No entanto, visto que a essência humana é corrompida, ela não pode mudar a si mesma. Por isso, não adiantam planos econômicos, modelos educacionais ou filosóficos. É preciso que esta mudança venha de fora pra dentro, partindo da perfeição para a nossa imperfeição. E aí entra a pessoa de Deus. Não um Deus criado a imagem e semelhança do Homem que o abençoa em toda e qualquer situação; mas o Deus que é santo e por isso não corruptível, que diz a Verdade mesmo quando nossas mais profundas convicções são destituídas de nossas verdades e mesmo quando nossos comportamentos são colocados em cheque - independente do prazer que nos proporcione. Mas para que esta mudança ocorra é preciso rendição individual. Rendição não imposta, por força, por lei, por decretos ou por falta de opção, mas rendição voluntária. Voluntária porque se Deus impusesse sua vontade sobre o ser humano, o mesmo não o serviria, mas apenas o obedeceria de forma sistemática, mas não voluntária. Para que o Homem tenha sua essência mudada ele precisa ter o desejo de se entregar, mas o desejo de se entregar só surge quando se tem a certeza de que se é amado e de que a origem do amor que nos alcança não pode nos desapontar. E sabendo disso Deus nos amou. Não nos amou porque nós merecemos, pois a essência humana não é merecedora de amor, mas de castigo. Ele nos amou apesar de nós e nos deu um aprova viva desse amor ao se fazer humano, viver todas as nossas dúvidas e angústias e se entregar - ainda que inocente - a um castigo destinado aos piores criminosos. E ninguém tem maior amor do que este, de dar a vida por aqueles cuja essência o ofende. Verdadeiramente este é um amor maior do que nossa compreensão, que se derrama sobre a humanidade a fim de que todos aqueles que o conheçam tenham a opção de se render e voluntariamente se deixar transformar. E este caminho quando sendo percorrido, faz com que a essência pouco a pouco seja mudada, pouco a pouco seja restaurada, trazendo à sociedade da qual se faz parte uma redenção não só individual, mas também da cultura que muitos julgam ser o motivo da corrupção.

Fides quaerens intelectum
(Fé que busca entender)
Pr. Rodrigo Gonçalves

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