Mania de Entender

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Religião sem Graça


Estava lendo agora a pouco o livro de Atos dos apóstolos - capítulo 15. Deparei-me com o conhecido concílio de Jerusalém e de como os fariseus convertidos tentavam impor suas regras aos gentios que haviam se tornado cristãos.

Bem, não sei se você que está lendo esse post está familiarizado com a sociedade daquela época, então vou procurar clarear as idéias, ok?

De forma simplificada, a história é mais ou menos assim: conforme a mensagem do evangelho ia sendo pregada no primeiro século depois de Cristo, muita gente converteu-se à vida Cristã. E estas pessoas podiam ser classificadas de duas formas gerais: os oriundos do judaísmo (fariseus, saduceus, e demais dissidências) e os gentios (forma geral de classificar todos os não-judeus).

Os judaizantes eram aqueles que conheciam a lei de Moisés e viveram suas vidas acreditando que o cumprimento restrito das leis é que tornavam o homem aceito diante de Deus e por restringirem a lei ao seu povo, descartavam a participação dos gentios neste processo. No entanto, como ficou ressaltado no Concílio de Jerusalém (reunião dos apóstolos e presbíteros que estudaram o assunto), na vida cristã não existe esta separação de raças. O que existe é um único povo reunido e congregado pela mensagem, a mensagem de Cristo. E é por não entenderem isto que os fariseus convertidos insistiam em moldar os gentios cristãos à sua maneira.


Deu pra se sintonizar?


Ok, espero que sim (rs) pois eu me esforcei bastante neste sentido.


Bem, e o que tudo isto tem a ver com a gente hoje?


Muita coisa se você não vive apenas em função do que a lógica e a visão podem alcançar. Isto fala a respeito da forma de relacionamento com Deus. Porque quem deseja conhecê-lo e se relacionar com ele, necessariamente trilhará um desses dois caminhos: Ou o caminho judaizante (religião) ou o caminho da aceitação dos gentios (graça).


O caminho da religião é o mais comum e mais fácil. Neste caminho a gente cria um monte de regras e esquemas para convencer nossa consciência de que estamos quites com Deus e portanto podemos seguir em paz. Este é um caminho de troca, quase comercial, sabe? É mais ou menos assim:

Eu vou à igreja, centro, salão de reuniões, ou o que você quiser chamar. Faço parte de um grupo, frequento reuniões, dôo dinheiro, faço o bem, participo de algum grupo, pago uma promessa, acendo uma vela, dou o dízimo, etc. Daí pronto! Agora vou viver minha vida do jeito que eu quiser e Deus que fique muito feliz comigo, afinal já fiz tudo o que precisava, já paguei minha cota da semana. Na semana que vem volto lá e faço tudo de novo pra Ele. E, sabe, embora este caminho possa exigir muitos sacrifícios, ele é mais fácil porque é um toma lá dá cá. Eu faço e depois recebo. É causa e efeito, diriam alguns.


Já o caminho da Graça é totalmente diferente. Ele parte do princípio que a pessoa primeiro precisa aceitar o fato de que o ser humano é extremamente limitado e falho. Por mais que eu queira criar regras, elas sempre serão limitadas e falhas. Nem a gente mesmo consegue cumprir com tudo o que a gente se propõe. Então a graça não segue as trilhas da religião. Ela é um caminho por onde iniciamos a trilhar quando entendemos que não conseguimos criar o meio perfeito para nos relacionarmos com Deus, daí procuramos saber o que Ele realmente quer de nós. Então a gente se rende. A gente entende que nós somos apenas nós e que Deus é Deus. Então a gente confia no caminho que ele criou e fez questão de nos anunciar de uma forma tão marcante que dividiu a nossa história em duas etapas: antes e depois do seu filho (Cristo).

E só então é que eu descubro que Deus quer que eu me relacione com ele pela fé como diz em Efésios 2:8,9 "Ora, pela Graça sois salvos por meio da fé e isto não vem de vós é dom de Deus. Não vem das obras para que ninguém se glorie".


Deus é realmente fantástico! Ele nos convida a ir até ele pela fé em Cristo e isto é extraordináriamente inteligente e lógico e, além de tudo, nos é acessível. Pois, você já pensou se não fosse pela fé? Muitos bateriam no peito e mostrariam a lista de tudo aquilo que fizeram e, então, exigiriam o seus direitos (como se salvação tivesse preço). E como isso seria desigual! Seria apenas o reflexo deste mundo onde quem tem mais oportunidades, dinheiro e influência é que é mais reconhecido. Mas ainda bem que Deus não opera nestas categorias humanas. Ele nos chama a conhecê-lo pela fé. E fé é acessível a todos: ao pobre, ao rico, a criança, ao branco, ao negro, aos homens e mulheres, a mim e a você. O caminho da Graça não é o caminho do mérito pessoal, é o caminho da fé.


Por isso é que o convite de Deus não é para sermos religiosos, é para termos um relacionamento com ele através da fé no sacrifício e na vida de Cristo Jesus. Este relacionamento que nos faz ver quem nós realmente somos e nos faz ser quem Deus quer que sejamos. Pessoas que fazem a vontade Dele e que mostram ao mundo um novo jeito de viver, uma nova realidade de vida onde o foco muda do Ter para o Ser, do Eu para o Outro. Um novo jeito de ser gente, um jeito de ser gente como Deus quer que a gente seja.


Eis o convite:


"Disse Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém VEM ao Pai senão por mim" (João 14:6).


E que a Graça de Deus seja o seu referencial a cada dia!


Um grande abraço!

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